Fala-se muito em nossos dias sobre “guerra cultural”. As artes fazem parte da cultura de um povo, culminando para o éthos.
Seria a arte uma arma na chamada “guerra cultural” (ou guerra espiritual, como pensam alguns, incluindo eu)? Vejamos um pouco de etimologia:
No grego, a palavra para arte é tekhné. Os romanos traduziram essa palavra para o latim como ars.
Ambos os termos — em grego e em latim — significam técnica, habilidade. Mas também, por extensão, um texto que ensina uma habilidade, ao que chamamos em português de manual.
Em latim, ars deriva da palavra armus, que designa “ombro” ou “braço”. Curiosamente, a raiz ar de ars é a mesma de arma.
É como se as palavras “arte” e “arma” fossem irmãs. A arte é, então, uma forma de arma e, mais que isso — como vimos na etimologia —: um manual, e um “braço” simbólico do artista, que pode ter suas intenções ao fazer a arte.
A literatura (incluindo história e escrituras sagradas de todo tipo), pintura, esculturas, arquitetura, música, dança, são formas de arte que podem permear o imaginário de um povo, para o bem e para o mal.
A arte não é apenas uma arma na “guerra cultural”, é uma das principais armas, mais duradoura e resistente que qualquer outra. Não menosprezemos tal ar(te)ma — sim, a arte é muito injustiçada e desvalorizada na chamada “guerra cultural” (na prática, pois no discurso é um mantra).