Platão acreditava no chamado Mundo das Ideias que, grosso modo, consistiria numa espécie de reino transcendental e eterno de formas ou ideias perfeitas. Para o filósofo, esse mundo das ideias seria a verdadeira realidade, enquanto o mundo físico que percebemos com nossos sentidos é apenas uma sombra ou reflexo imperfeito desse mundo das ideias. Essa ideia, claro, iria nortear a sua visão sobre a beleza.
A esse respeito nos diz Suassuna (2012):
“Para Platão, dentro da sua grandiosa visão idealista do mundo e do homem, a beleza de um ser material qualquer depende da maior ou menor comunicação que tal ser possua com a Beleza Absoluta, que subsiste, pura, imutável e eterna, no mundo suprassensível das Ideias.”
Ortega y Gasset dizia que Platão via o universo como dividido em dois mundos, o mundo em ruína e o mundo em forma. Nosso mundo é a ruína, imitação, reflexo do mundo da forma, que é o mundo ideal, perfeito, metafísico, divino. Se para Platão a realidade que nos cerca já é inferior, as obras de arte são ainda mais, pois são imitação de um mundo de imitação, com potencial corruptor, inclusive.
Por que nos importamos com a beleza, segundo Platão? Para ele, “a alma é invencivelmente atraída pela Beleza, pois sua pátria natural é o mundo das essências [o mundo das ideias]; e, exilada neste nosso mundo, ela sente sempre saudade do outro.”
Existiam níveis hierárquicas de beleza em Platão, por exemplo, a beleza da alma seria superior à beleza do corpo, pois estaria mais próxima do mundo das ideias. Tal visão pode ser considerada idealista em muitos aspectos, pois não temos acesso observável a tal mundo, quanto as formas e ideais perfeitas e “reais”. A metafísica de Platão é complexa e aqui temos apenas um vislumbre no contexto de sua visão sobre a beleza.
Fonte: SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012.