Crônica, Texto

Crianças adultas e adultos criançolas

Algérienne (1871) by Jean-Baptiste-Camille Corot

O maior poema do poeta romano Horário chama-se Arte Poética. Trata-se de uma obra recheada de conselhos sobre poesia e teatro, em formato de carta, dirigida aos irmãos Pisões. A partir do verso 153, o poeta aconselha que os personagens de uma obra tenham um caráter e comportamento adequados às suas respectivas idades.

Poesia

Brevidade: um encontro com a vida

Still Life with a Skull and a Writing Quill (1628) by Pieter Claesz (detalhe)

“Brevidade” surge como produto daqueles dias em que a gente percebe, de repente, que a vida é curta demais para ser vivida no automático. É sobre parar em meio à caçada e deixar cair as armas, desistir das armadilhas e ouvir o mundo ao redor, com suas pequenas e insistentes belezas. O poema nasceu dessa pausa: um instante em que a própria máquina do mundo me disse que a pressa e a luta nem sempre são o melhor caminho para todos. A seguir, teremos o poema e, adiante, uma breve explanação, que revela seus símbolos e intenções.

Crônica, Texto

Eu quase fui “livre” — e ainda bem que não fui

Bible reading (1831), by Eduard Karl Gustav Lebrecht Pistorius

Eu tive um vizinho que era muito descolado, tocava em uma banda de rock, andava de skate, usava roupas radicais, saía e voltava à hora que queria. Eu, adolescente de interior, criado com pai e mãe caxias, sonhava em ser como o Bob — chamarei assim para preservar sua privacidade —, livre como o vento.

Crônica, Texto

O poeta e o guardador de rebanhos

A Jutland Shepherd on the Moors, 1855, by Frederik Vermehren

O poeta como pastor de ideias: da simplicidade de Caeiro à força da metáfora que une criação e cuidado. Uma reflexão entre poesia, etimologia e simbolismo.

Crônica, Texto

Educação para a sociopatia 

Recentemente conversava com minha esposa, professora, sobre educação. Nos últimos anos, queixava-se ela, recebeu — e ainda recebe — diretrizes estranhas das escolas onde trabalhou, sobre assuntos que deveria tratar e não tratar, das palavras que poderia usar e não usar, entre outras coisas que sempre deixam pesar a consciência de bons professores, que precisam de seus empregos.

Crônica, Texto

O velho conflito entre o que é bom e a novidade 

The Deposition of Christ (1507) by Raphael

O professor Ernst Gombrich conta-nos em sua obra A História da Arte que, por volta de 1520, a pintura havia atingido o auge da perfeição. “Homens como Michelangelo e Rafael, Ticiano e Leonardo conseguiram levar a cabo tudo o que as gerações anteriores haviam tentado realizar”, disse ele.

Ensaio, Texto

Logos X Legos: a guerra poética que a direita inculta não percebe 

Este é um assunto complicado, do qual pretendia falar há cerca de dois anos, mas sempre temi ser mal compreendido — normal para um poeta na modernidade —, taxado de arrogante e coisas do tipo. Mas, como num lampejo de obviedade, percebi que, quando o assunto é cultura, a taxa de leitores cai, e quando se trata de compreensão, os números descem ainda mais.

Crônica, Texto

O Brasil não tem povo 

Num arroubo poético, em 1922, Lima Barreto afirmou que “o Brasil não tem povo, tem público”. A frase estava inserida num contexto futebolesco, mas acima de tudo, num espírito brasileiresco, país do futebol (e do carnaval).

Crônica, Texto

“Coringa 2” e a semelhança com “Dom Quixote 2”

Alerta de duplo spoiler! — “Coringa: delírio a dois” é quase que uma remontagem de Dom Quixote e eu posso demonstrar: Dom Quixote representa o louquinho, deslocado da realidade, transforma moinhos de vento em monstros perigosos, como fazem as cabeças repletas de ideologias de hoje, não é mesmo?