Poesia

Cicatriz

Hendrick ter Brugghen [The Incredulity of Thomas], 1622 (Detalhe)

A quem se dedica uma dor?
Essa dor de cicatriz
Essa dor de passado
Essa dor que não passa
Ferida fechada há tempos
Mas traz na pele a memória

Traz-se na pele o passado
Que entre um sorriso falso
E outro amarelo…
Não passa, não passa a dor
Não passa de dor
Dor de cicatriz

Oh, dores de lembranças falsas
Felizes e falsas
Como falsa é a felicidade falsa
A falsidade da pele
Que traz a memória da dor
Duas ou mais cicatrizes

Talvez dez, ou mil…
Não sei mais contar
Não se conta o que é falso…
Pois nem falo de pele
Nem falo de cicatrizes
São falsas, metáforas…
Metáforas falsas

Mas a dor é real
Como falsa é a felicidade falsa

Anderson C. Sandes — Novembro de 2015

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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