Poesia

Ocupados

Salvador Dalí [The Persistence of Memory], 1931 (Detalhe)

Toda essa gente ocupada demais
Pra onde vão?
Espero que pra os infernos
Ouvem “boa noite”
E dizem “boa”
Não perdem tempo com conversas do tipo
São ocupados demais

E ouvem “como vai?”
Logo dizem “bem”
Mentira
Estão indo para os infernos
Como poderiam estar bem
Se estão ocupados demais?

Sem tempo pra papo
Sem tempo pra pipa
Sem tempo pra visita
Sem tempo pra visitar
Sem tempo pra si
Sem tempo pra dó

Lá lá lá…

— Ei, para de correr! Pra onde vais?
— Para os infernos.
— Descansa em paz.

Anderson C. Sandes — Novembro de 2015

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *