Poesia

[Des] Fiz-me

Fogo na caatinga
Fiz-me pardal e voei
Verde na serra
Desfiz-me das asas, pousei
Era belo o caminho
Fiz pra mim botas… e andei
Fresco e calmo era o lago
(… não sei nadar)
Tive medo, e nada virei
Odiava o medo
Fiz-me coragem e nadei
E na coragem… me afoguei

De longe observava d’onde vim
Tive pena de mim, por um instante
E de penas me enchi
De novo fiz-me pardal
E a caatinga visitei
E por lá não mais me encaixei…

Cansei-me da caatinga
Fiz-me fogo e a queimei

Voem pardais… voem!

Anderson C. Sandes — Novembro de 2016

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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