Poesia

De passagem

Nicolas Poussin [Landscape with a Calm], 1650–1651 (Detalhe)

Essas vilinhas bucólicas
Quiçá melancólicas
Com bodes amarrados em algarobeiras
Recordam-me algo que fui, talvez.
Falo de um sujeito mais manso . . .
Nem sei . . .
Hoje sou mais como aquele 
Rio seco, agreste . . .
Eu até vou p’ro destino
Mas me arrastando
Como lágrimas em face rugosa
Lágrimas d’um olhar seco
Olhar que observa bodes
Em vilinhas bucólicas
Fartas de algarobeiras
E vê nisso poesia

(E os bodes me olham… Com olhos mais úmidos que os meus).

Anderson C. Sandes — Dezembro de 2016

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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