Poesia

Deserto

Jean-Léon Gérôme [On the Desert], 1867 (Detalhe)

Quem nunca deixou
pegadas na areia?
Quem não sentiu
o pé no chão queimar?
Nesse deserto
toda alma vadeia.
Quem nunca teve
grão vil no olhar?

Tudo já se feriu,
todos andaram em deserto.
Quem nunca sentiu
a dor mansa de perto?
Oh, quem nunca se riu
ao ver que nada dá certo?
Riu e a lágrima caiu,
doce, em olhar aberto.

Tolos… todos andaram
querendo um vau,
fresco e calmo,
sem pedras no fundo.
Como o deserto
é imparcial,
todos… tolos andaram
ali, nesse mundo.

Anderson C. Sandes — Outubro de 2018

Published by Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *