Poesia

Eu oposto

Jacob Jordaens [Two Studies of the Head of an Old Man], 1630 (Detalhe)

Por vezes durmo na clave de sol
E acordo na clave de fá
E tudo mexe…
Tudo sai do lugar

Nesses dias prefiro um banho frio
E uma janta quente
Tudo como não é de costume

Vou à calçada sem me pentear
Cito aquilo que abomino
E falo ao meu coração, como
Assim falava Zaratustra

Planejo dormir cedo
E acordar com o sol
Tudo como não é de costume

Fecho as portas sem bater
Não me distraio no assunto
Olho nos olhos…

Até que me acorde
Mesmo estando acordado
E reconheça quem sou
Mesmo não estando acabado
Volto a ser o que eu era
Quem eu fui no passado
Num passado pouco distante
Antes de ter me deitado
E relembrar de um sonho
Mesmo não tendo sonhado
Até cair no meu sono
Mesmo não tendo esperado.

Anderson C. Sandes — Agosto de 2015

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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