Por vezes durmo na clave de sol
Anderson C. Sandes — Agosto de 2015
E acordo na clave de fá
E tudo mexe…
Tudo sai do lugar
Nesses dias prefiro um banho frio
E uma janta quente
Tudo como não é de costume
Vou à calçada sem me pentear
Cito aquilo que abomino
E falo ao meu coração, como
Assim falava Zaratustra
Planejo dormir cedo
E acordar com o sol
Tudo como não é de costume
Fecho as portas sem bater
Não me distraio no assunto
Olho nos olhos…
Até que me acorde
Mesmo estando acordado
E reconheça quem sou
Mesmo não estando acabado
Volto a ser o que eu era
Quem eu fui no passado
Num passado pouco distante
Antes de ter me deitado
E relembrar de um sonho
Mesmo não tendo sonhado
Até cair no meu sono
Mesmo não tendo esperado.
Eu oposto

Jacob Jordaens [Two Studies of the Head of an Old Man], 1630 (Detalhe)