Música, Poesia

Incerta canção

Jan Ekels II [A Writer Trimming his Pen], 1784 (Detalhe)

Um poema que, na voz e violão de Gil Silva, amigo meu, tornou-se canção. O eu lírico expressa falta de pertencimento, solidão, desmotivação, dúvidas. Expressa contrastes e sínteses das coisas que vê: aves felizes voando em meio à fumaça; sorriso amarelo (expressão de falsidade) combina-se com azul (símbolo de euforia), resultando num verde sem graça, etc.

Pra falar a verdade, eu nunca entendi
O que aqui dentro se passa… O que aqui dentro se passa
Só há duas estações, um mundo frio
Outono e inverno, ciclo vazio

E eu olho os velhinhos sentados
Olhando pro nada…
E aves voando felizes
Em meio à fumaça…
Num sorriso amarelo e azul
Um verde sem graça…
Andando sozinho no escuro
Longe de casa…

Pra falar a verdade, eu nunca entendi
O que lá fora se passa… O que lá fora se passa…
Só há duas palavras, paralelo incomum
Paz e guerra, não cabe mais um

E eu olho as crianças correndo
Correndo por nada…
E aves mui tristes voando
Em meio à fumaça…
Num sorriso amarelo e azul
Um verde sem graça…
Andando sozinho num dia
Longe de casa…

Faça chuva ou sol, eu nunca entendi
O que acontece lá em cima… O que acontece lá em cima…
Duas coisas podem ser, um não e um sim
Tudo ou nada, não depende de mim
Pra falar a verdade, eu nunca entendi
O que aqui dentro se passa… O que aqui dentro se passa

De repente me vejo andando
Andando pro nada…
E aves com pressa voando
Em meio à fumaça…
Num sorriso amarelo e azul
Um verde sem graça…
Andando sozinho no mundo
Longe de casa.

Anderson C. Sandes — Novembro de 2014

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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