Poesia

Amarelo

Vincent van Gogh [Vase with Red and White Carnations on a Yellow Background], 1886 (Detalhe)

Começam a amarelar as fotos
dos tempos pueris.
(Bons tempos…)
Amarela o sorriso, 
amarelam alguns livros, 
amarelam as cartinhas,
(onde quer que elas estejam…)
amarelam as memórias 
que não são mais tão claras,
e os ossos, e a pele… 

Alguns amigos me chamam assim:
“Ei, Amarelo”…
Uns desconhecidos optam por:
“Ei, Galeguinho”…

Vou amarelando por aí…
Com coragem!

Mas gosto mesmo é da cor cinza…
Quando eu estiver só as cinzas 
vou agradar-me mais a mim…
Se é que cinzas se agradam de alguma coisa.

E que esteja no epitáfio:
“Aqui jaz o poeta Amarelo!”

Anderson C. Sandes — Maio de 2018

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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