Poesia

Disfarce

Gustave Caillebotte [Paris Street; Rainy Day], 1877 (Detalhe)

Não estou chorando,
estou chovendo!
Chove nos desertos
de minhas pálpebras
pra dentro

Por fora das janelas da alma
observo a chuva.
Cheiro de face molha…
Cheia de nuvens pesadas.
Cinza tal qual dia nublado.

Há enchente nas maçãs
e no canto da boca.
Banquete salgado…
Mesa farta.
Época das cheias.

Terra fértil se faz o rosto.
O que plantarei?
Quiçá um sorriso,
talvez uma micro expressão
de graça… de graça.

Farei a colheita depois!
Com foice ou navalha,
com mãos ou com máquina.
O que for melhor…
O que tiver mais poesia.

Por hora, chove aqui.
Depois vem o sol,
talvez venha a noite
A noite é mais quente
das minhas janelas pra dentro.

Anderson C. Sandes — Maio de 2016

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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