Poesia

Belo

William-Adolphe Bouguereau [The Day of the Dead], 1859) (Detalhe)

Me admiro com o belo
E em tudo que há beleza
Temo por meu túmulo
Minha futura morada
Futura fortaleza
Que não seja feio, meu Deus
Que não seja feia

Não temo a moribunda solidão
Desde que seja uma bela solidão
Me farão companhia os vermes
Representando a futura condição
Mas que seja um belo cadáver
E que seja belo o caixão

De todas as tragédias
Escolho a poesia
Pois me é uma bela tragédia
É sorrir de desgraças
É sofrer com alegria
Sofrer de forma heroica
Como um belo herói

Que seja belo o cortejo
Que sejam belas as flores
Que seja um belo buraco
Que belo seja o chorar
E que haja bela música
E por fim, que seja bela a vida
Daqui até lá. 

Anderson C. Sandes — Maio de 2016

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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