Poesia

Migração

Melchior d' Hondecoeter [A Pelican and other Birds near a Pool, Known as ‘The Floating Feather’], 1680 (Detalhe)

Migram as aves pro meu coração
Eis que findou meu inverno
Nesse inferno de frieza
Nesses lagos congelantes
Onde meu Narciso feio se contempla
E acha bela sua estranheza 

Cantam as aves em meu coração
Quebrando em mim todo silêncio
Silêncio agora que encanta
Que encara, que canta, e conta
Conta, em cada canto, um causo

Encheu-se de aves o meu coração
Não é agora tão vazio
Há flores, há lagos, há cores
Sem dores nas dores, apenas amores

Os cantos voam, as cores voam
Voam p’ronde querem, o tempo voa…
Aprendi a voar

Aprendi no tempo a voar
Aprendi no amor a amar

Agora eu voo em direção do amor

Anderson C. Sandes — Abril de 2016
Reprodução / Internet

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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