Poesia

Oh, tímida

Jean-Honoré Fragonard [Young Girl Reading], 1770 (Detalhe)

Vejo-te sorrir olhando p’ra terra
Será de timidez que olhas o chão?
As nuvens acima e o solo em guerra 
O que está mais próximo ao teu coração?

Acima de tua face um bando em rasante
No solo, os vermes sobre o ventre estão
Pela beleza do brilho em teu semblante
É como se as aves voassem no chão.

Por que mordes teus lábios, oh tímida?
Não oculte de mim teu olhar
Pois em tua boca habita um universo
E teus olhos são astros a iluminar

Se acaso um dia esqueceres quem és
Não olhe pra cima, ou abaixou dos pés
Acima estão aves, e não podes voar
Abaixo há vermes, não deves rastejar
Se quiseres saber onde te encontrarás 
Olhe p’ra o meio, no centro de tudo estarás

Anderson C. Sandes — Junho de 2014

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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