Poesia

É sempre meia noite por aí

Vincent van Gogh [Starry Night over the Rhône], 1888 (Detalhe)

Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Pobres lunáticos, não têm uma sombra de árvore pra descansar.
Talvez por isso repousem nas trevas.

É sempre meia-noite por aí
Meia, porque sempre há um pouco de dia
É sempre meio-dia por aí
Meio, porque sempre há um pouco de noite

Temos quatro estações por aqui
Mas na lua só existem duas
Pobres lunáticos, não podem ver a primavera.
Talvez por isso não falem das flores.

Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Ora, quando acaso for meio-dia por aqui
Ainda será meio-dia na lua
Pois para os lunáticos, é sempre meia-noite por aí.

Anderson C. Sandes — Julho de 2014

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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