Poesia

Pouco sou

Jean-Honoré Fragonard [Young Girl Reading], 1770 (Detalhe)

Por mais que eu foleasse
todas as páginas,
me enterrariam sem
de nada eu saber.
Mas de um nada muito grande…

Tão grande e profundo
que eu me afogaria.
Insisto: não sei nadar!
Não sei de nada…
Apenas me afogo.

O que sei é muito pouco,
frente a tudo a saber
se torna nada.
Sei um pouco do que sou e…
pouca coisa mais.

Pouco sempre tive
porque pouco sou.
E de pouco em pouco…
vou morrendo de fome,
sem poder saciar-me.

Anderson C. Sandes — Agosto de 2017

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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