Poesia

Homem réptil

Winter in de Scheveningse bosjes (1870) by Anton Mauve

Deixou a toca pela manhã, covil
Pele a descamar da pálida face
Gelado aquele inverno, sangue frio

Espichou seu lombo ao sol que ali nasce
Tomou da luz escassa alva esperança
Tal qual inseto d’uma flor tomasse

Dileta estação rompeu c’a aliança
Traiu, destruiu, fustigou a alma
Trama agora debalde ‘sta vingança

Cortejar a primavera que acalma
Aquecer o peito em outra estação
Enciumar a outra gélida em trauma

Anderson C. Sandes — julho de 2023

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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