Poesia

Setembro e a bile negra

The Convalescent (1887) by Edgar Degas

Às vésperas de setembro
Surge a bile negra
Amiúde, ano a ano
D’onde não lembro
Talvez de um lado oculto
D’alma, ao culto deste
Que vos fala, frio em plasma
Mole como o sol
Gélido transnetuniano
Escarro das musas
Parnasianas, escárnio
Fronte à lira de Febo
Qual flauta de Pã
Cético qual cadáver
Amarelo, belo, velho
Ah, setembro meu
E viro as sílabas:
“Brotem-se!”
E obedeço, e broto
Amarelo, belo, novo
Quiçá seja a sina
Esta: setembrar
De novo e de novo
Num amiúde brotar

Anderson C. SAndes — 24 de agosto de 2023

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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