Muito frio
Anderson C. Sandes — Novembro de 2014
Escorado numa parede
Com meias nos pés
Com meias nas mãos
Com meias verdades
No meio coração.
— Quando por lá chegou, foi acolhido por um tal de Sul. Muito frio. Diferente de tudo que tivera visto. Homem forte, colossal, e aparência opressora. Sua frieza assustava. Muito Frio.
De tamboretes fez mesas
De porão fez moradia
E um dia se fez… muito frio
Numa noite sombria.
— Possivelmente, esse anfitrião chamado Sul, virá cobrar favores, falando com escárnio entre os dentes, injúrias escorrendo pelos lábios, ameaças de fúnebre futuro. E o que será daquele que sente frio?
Quando chegar então o dia
De a conta ser cobrada
O que sente frio pagará
Mas de forma dobrada
Da mesma forma em que foi recebido:
Muito frio, muito frio, muito frio.
Mas e agora? Esse deverá ser punido?
Em minha opinião, não desta vez.
Pois houve frio, e frio se fez.
Muito frio.
Muito frio

Claude Monet [The Magpie], 1868–1869 (Detalhe)