Poesia

Muito frio

Claude Monet [The Magpie], 1868–1869 (Detalhe)

Muito frio
Escorado numa parede
Com meias nos pés
Com meias nas mãos
Com meias verdades 
No meio coração.

Poesia

Houve-te

Imagem: Reprodução / Internet

Permita-me a mim te dizer
Que antes de tu(do) veio a luz
E assim foi, p’ra que eu pudesse te ver.

A ti foi dado odor de poesia
Uma beleza primaveral
E um toque de canções.

Música, Poesia

Monologando co’a morte

Francisco de Goya [Saturn Devouring One of his Children], 1819-23 (Detalhe)

Te vi em meu olhar

Num reflexo
De águas tranquilas

Este chão já foi o meu leito
Certo estou que ainda será
Outrora acima
Depois não sei

Poesia

É sempre meia noite por aí

Vincent van Gogh [Starry Night over the Rhône], 1888 (Detalhe)

Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Pobres lunáticos, não têm uma sombra de árvore pra descansar.
Talvez por isso repousem nas trevas.

Poesia

Oh, tímida

Jean-Honoré Fragonard [Young Girl Reading], 1770 (Detalhe)

Vejo-te sorrir olhando p’ra terra
Será de timidez que olhas o chão?
As nuvens acima e o solo em guerra 
O que está mais próximo ao teu coração?

Livro, Poesia

Livro “Baseado em fardos reais”

Que descansa em paz? Não, querido leitor, eu não estou morto. Quem vos escreve não é um espectro branco e perturbado, é um poeta amarelo, que descansa em paz.

Reparou na belíssima capa? Tem como fundo a obra La Siesta, de Van Gogh, pintor sobre qual Mário Quintana reflete: Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo? Veio bem a calhar, uma obra de Van Gogh adornando a obra de um poeta amarelo, envelhecido.

Poesia

Ouv [indo] a vida

Jan Miense Molenaer [Portrait of a Young Violinist], 1632 (Detalhe)

Hoje faz Sol. Ontem fez Dó
Como instrumento desafinado
Ando de Ré a caminho de Lá
Na percussão de meus passos 

Infantil, Texto

A coisa mais bela do mundo

Frans van Mieris I [The Letter Writer], 1680 (Detalhe)

Em elucubrações com meu amigo Gil Silva surgiu este texto. Discutíamos sobre qual seria a coisa mais bela deste mundo no âmbito secular e do conhecido. A conclusão a que chegamos seria que, sem palavras, nada seria tão belo assim. Portanto, de modo quiçá inocente, concluímos por fim, que a coisa mais bela do mundo seriam as palavras. Para um poeta, foi uma agradável conclusão.

Poesia

Quatro notas

Antoine Watteau [Mezzetin], 1718–1720 (Detalhe)

Poema dedicado a Tailan Cavalcante, que descansa em paz. Durante à noite, estávamos juntos entre outros, a cantar ao som de um violão; durante o dia, estávamos todos em volta de seu pálido caixão. Faleceu enquanto dormia. Tive a oportunidade de recitar um poema — que já não tenho mais — em sua missa de sétimo dia. Mesmo num momento de muita tristeza, a sua memória nos alegrava.

Poesia

O que há

Gerrit Dou [Astronomer by Candlelight], 1665 (Detalhe)

O que há entre o terno e o eterno?
Nem nó de gravata, nem paraíso!
Nem cerimônias, nem juízo.
Fartura ou pureza…
Vaidade ou nobreza.