Sobre Poesia

O feio na arte — Ariano Suassuna

Arte Feia e Arte do Feio

Quando abordamos o estudo das fronteiras da Beleza, já esboçamos, de passagem, o problema do Feio, mostrando que nem sempre os artistas eram atraídos pelo Belo, isto é, por aquela forma especial de Beleza que se baseia naquilo que, na Natureza, já é belo e que se caracteriza pela harmonia, serenidade e equilíbrio nas proporções. Dissemos que existem artistas que, pelo contrário, acham as formas mais ásperas do Feio mais expressivas, menos comuns, menos tendentes ao sentimentalismo, à pieguice, à uniformidade e à monotonia.

Poesia

Belo

William-Adolphe Bouguereau [The Day of the Dead], 1859) (Detalhe)

Me admiro com o belo
E em tudo que há beleza
Temo por meu túmulo
Minha futura morada
Futura fortaleza
Que não seja feio, meu Deus
Que não seja feia

Infantil, Texto

A coisa mais bela do mundo

Frans van Mieris I [The Letter Writer], 1680 (Detalhe)

Em elucubrações com meu amigo Gil Silva surgiu este texto. Discutíamos sobre qual seria a coisa mais bela deste mundo no âmbito secular e do conhecido. A conclusão a que chegamos seria que, sem palavras, nada seria tão belo assim. Portanto, de modo quiçá inocente, concluímos por fim, que a coisa mais bela do mundo seriam as palavras. Para um poeta, foi uma agradável conclusão.