Infantil, Texto

A coisa mais bela do mundo

Frans van Mieris I [The Letter Writer], 1680 (Detalhe)

Em elucubrações com meu amigo Gil Silva surgiu este texto. Discutíamos sobre qual seria a coisa mais bela deste mundo no âmbito secular e do conhecido. A conclusão a que chegamos seria que, sem palavras, nada seria tão belo assim. Portanto, de modo quiçá inocente, concluímos por fim, que a coisa mais bela do mundo seriam as palavras. Para um poeta, foi uma agradável conclusão.


Meu filho me trouxe uma pergunta:

– Pai o que é a coisa mais bela do mundo?

Fui obrigado a pensar em tanta coisa! Nem sabia como discriminar. Tantas belezas, mas assim que assentaram as ideias em mim, pude entender algo e o respondi:

– Filho, sem dinheiro o homem vive, sem mansões vive, sem carros importados vive, porém, sem mulher ele não gera.

– Então, quer dizer que a mulher é a coisa mais bela do mundo?

– Não filho, quase…!
– Como assim, quase?! Não entendi.
– Filho, você gosta de peixe?
– Gosto pai, mas o que o peixe tem a ver com nossa conversa?
– Como você pega o peixe?
– É preciso pescar.
– Muito bem filho. Como então conquistamos uma mulher? 
– Essa lição o senhor não me deu pai.
– O que seria dos homens sem as palavras?!
– Num sei.
– Seríamos nada, pois sem palavras, não conseguimos expressar sentimentos ou quem somos, e sem isso, não conseguimos convencer uma mulher do que sentimos.
– Acho que estou entendendo.
– Então, filho, a coisa mais bela do mundo são as palavras, porque elas perpetuam quem somos e quem seremos.

Anderson C. Sandes e Gil Silva — Abril de 2014

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Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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