Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Pobres lunáticos, não têm uma sombra de árvore pra descansar.
Talvez por isso repousem nas trevas.
Autor: Anderson C. Sandes
Oh, tímida
Vejo-te sorrir olhando p’ra terra
Será de timidez que olhas o chão?
As nuvens acima e o solo em guerra
O que está mais próximo ao teu coração?
Livro “Baseado em fardos reais”
Que descansa em paz? Não, querido leitor, eu não estou morto. Quem vos escreve não é um espectro branco e perturbado, é um poeta amarelo, que descansa em paz.
Reparou na belíssima capa? Tem como fundo a obra La Siesta, de Van Gogh, pintor sobre qual Mário Quintana reflete: Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo? Veio bem a calhar, uma obra de Van Gogh adornando a obra de um poeta amarelo, envelhecido.
Ouv [indo] a vida
Hoje faz Sol. Ontem fez Dó
Como instrumento desafinado
Ando de Ré a caminho de Lá
Na percussão de meus passos
A coisa mais bela do mundo
Em elucubrações com meu amigo Gil Silva surgiu este texto. Discutíamos sobre qual seria a coisa mais bela deste mundo no âmbito secular e do conhecido. A conclusão a que chegamos seria que, sem palavras, nada seria tão belo assim. Portanto, de modo quiçá inocente, concluímos por fim, que a coisa mais bela do mundo seriam as palavras. Para um poeta, foi uma agradável conclusão.
Quatro notas
Poema dedicado a Tailan Cavalcante, que descansa em paz. Durante à noite, estávamos juntos entre outros, a cantar ao som de um violão; durante o dia, estávamos todos em volta de seu pálido caixão. Faleceu enquanto dormia. Tive a oportunidade de recitar um poema — que já não tenho mais — em sua missa de sétimo dia. Mesmo num momento de muita tristeza, a sua memória nos alegrava.
No meio do sonho
Música composta em novembro de 2013. Traz como principais temas: lembranças da infância, conflito por descoberta da vocação, ansiedade quanto ao futuro. A música é basicamente um diálogo com o Criador, onde o eu lírico clama por soluções. A voz no áudio é de meu grande amigo Gil Silva.
Hoje velho
Um poema sobre a velhice. Uma velhice repleta na esperança de um salvador que preparou um lugar para aqueles que creem. — Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. [João 14: 1-3]
O menino do picolé
“Olha o picolé!”… gritava o menino incansavelmente. Passava todas as semanas naquela rua com seu carrinho de sorvetes. Sempre gritando: Olha o picolé! Todos o conheciam, mas ninguém sabia seu nome, nem de onde vinha, mas sua voz era inconfundível ao gritar: Olha o picolé! A garotada, porém, o chamava de um nome, nome este que não era o seu, mas era assim que o chamavam: o menino do picolé.