Poesia

É sempre meia noite por aí

Vincent van Gogh [Starry Night over the Rhône], 1888 (Detalhe)

Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Pobres lunáticos, não têm uma sombra de árvore pra descansar.
Talvez por isso repousem nas trevas.

Poesia

Oh, tímida

Jean-Honoré Fragonard [Young Girl Reading], 1770 (Detalhe)

Vejo-te sorrir olhando p’ra terra
Será de timidez que olhas o chão?
As nuvens acima e o solo em guerra 
O que está mais próximo ao teu coração?

Livro, Poesia

Livro “Baseado em fardos reais”

Que descansa em paz? Não, querido leitor, eu não estou morto. Quem vos escreve não é um espectro branco e perturbado, é um poeta amarelo, que descansa em paz.

Reparou na belíssima capa? Tem como fundo a obra La Siesta, de Van Gogh, pintor sobre qual Mário Quintana reflete: Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo? Veio bem a calhar, uma obra de Van Gogh adornando a obra de um poeta amarelo, envelhecido.

Poesia

Ouv [indo] a vida

Jan Miense Molenaer [Portrait of a Young Violinist], 1632 (Detalhe)

Hoje faz Sol. Ontem fez Dó
Como instrumento desafinado
Ando de Ré a caminho de Lá
Na percussão de meus passos 

Infantil, Texto

A coisa mais bela do mundo

Frans van Mieris I [The Letter Writer], 1680 (Detalhe)

Em elucubrações com meu amigo Gil Silva surgiu este texto. Discutíamos sobre qual seria a coisa mais bela deste mundo no âmbito secular e do conhecido. A conclusão a que chegamos seria que, sem palavras, nada seria tão belo assim. Portanto, de modo quiçá inocente, concluímos por fim, que a coisa mais bela do mundo seriam as palavras. Para um poeta, foi uma agradável conclusão.

Poesia

Quatro notas

Antoine Watteau [Mezzetin], 1718–1720 (Detalhe)

Poema dedicado a Tailan Cavalcante, que descansa em paz. Durante à noite, estávamos juntos entre outros, a cantar ao som de um violão; durante o dia, estávamos todos em volta de seu pálido caixão. Faleceu enquanto dormia. Tive a oportunidade de recitar um poema — que já não tenho mais — em sua missa de sétimo dia. Mesmo num momento de muita tristeza, a sua memória nos alegrava.

Poesia

O que há

Gerrit Dou [Astronomer by Candlelight], 1665 (Detalhe)

O que há entre o terno e o eterno?
Nem nó de gravata, nem paraíso!
Nem cerimônias, nem juízo.
Fartura ou pureza…
Vaidade ou nobreza.

Música, Poesia

No meio do sonho

Théodore Géricault [Portrait of an artist in his studio], 1812 (Detalhe)

Música composta em novembro de 2013. Traz como principais temas: lembranças da infância, conflito por descoberta da vocação, ansiedade quanto ao futuro. A música é basicamente um diálogo com o Criador, onde o eu lírico clama por soluções. A voz no áudio é de meu grande amigo Gil Silva.

Poesia

Hoje velho

Nicolas Poussin [Landscape with Saint John on Patmos], 1640 (Detalhe)

Um poema sobre a velhice. Uma velhice repleta na esperança de um salvador que preparou um lugar para aqueles que creem. — Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. [João 14: 1-3]

Crônica, Infantil

O menino do picolé

“Olha o picolé!”… gritava o menino incansavelmente. Passava todas as semanas naquela rua com seu carrinho de sorvetes. Sempre gritando: Olha o picolé! Todos o conheciam, mas ninguém sabia seu nome, nem de onde vinha, mas sua voz era inconfundível ao gritar: Olha o picolé! A garotada, porém, o chamava de um nome, nome este que não era o seu, mas era assim que o chamavam: o menino do picolé.