Música, Poesia

No meio do sonho

Théodore Géricault [Portrait of an artist in his studio], 1812 (Detalhe)

Música composta em novembro de 2013. Traz como principais temas: lembranças da infância, conflito por descoberta da vocação, ansiedade quanto ao futuro. A música é basicamente um diálogo com o Criador, onde o eu lírico clama por soluções. A voz no áudio é de meu grande amigo Gil Silva.

Hoje eu acordei com uma dor no peito
Dor que a muito tempo não sentia mais
Seus olhos famintos vieram mais uma vez
Lembrou-me da infância, e dos fantasmas que vi
 
O porão, o trovão, meu pão…
Solidão, no chão, meu irmão…
Minha flauta, o rio, o frio…
A canção de terror e o vazio…
             
Veio me acordar no meio do sonho
Sonho que a muito tempo não sonhava mais
Me fez levantar, levantei, e riu de meu pranto
Me mostre teu rosto, e me enfrenta mais uma vez
 
Machuque minha outra perna, me faça promessas
Não oculte tua face, não cales, como sempre faz
Eu quero dormir a noite, nem que seja um pouquinho
Pouco sempre tive, porque pouco sou…
 
Não posso aceitar teu chamado, porque sou indigno
Por isso me esqueça, me deixe, ou volte depois
Minhas malas ainda estão prontas, quem sabe eu aceite
Me permita pensar por um tempo, um tempo de paz
 
Tanto andei pelo mundo, vazio e em secreto, sozinho
Acham que me conhecem… mas não mostro quem sou
Sou criança carente… carente… faminto…
Com espinhos na carne, torturas a me perseguir.
 
Não demore a voltar, ou me perco, preciso de ti
De teus olhos a me observar enquanto matuto
Só espero já ter a resposta… e te responder
 
Então juntarei os meus trapos, e de novo eu vou…
Partirei solitário, na estrada, na estrada da vida
Viverei os meus dias… meus dias, são teus
Deixarei os meus sonhos de novo, de novo eu os deixo
 
Na verdade já tenho a resposta, mas não estou pronto.

Letra: anderson c. sandes / música: gil silva

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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