Poesia

Voltas

Carl Frederik Sørensen [A Wreck on the West Coast of Jutland at Sunset], 1847 (Detalhe)

De todas as minhas voltas…
De todas as minhas voltas…
Uma não reparei
Foi a que dei em torno de mim
Vi tudo o que há de rotação
Mas não percebi minhas sete
Meias-voltas e o voltar
Para o caminho d’onde vim

Pensei ter sido dejavu
Mas não… as pegadas eram minhas
De todas as minhas voltas…
De todas as minhas voltas…
(Uma memória me veio)
Por isso que o cosmos gritava:
— Meia-volta, volver
— Meia-volta, volver
E eu refletia:
— Deve estar louco…
— Deve estar louco…

E assim… eu, sendo já eu
Tornei-me descobridor de mim
Como um náufrago inglês
Que descobre a Inglaterra.

Anderson C. Sandes Agosto de 2016

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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