Poesia

Bole bole, criança

Candido Portinari [Roda infantil], 1932 (Detalhe)

Esses terreiros tortos
com crianças boliçosas só têm aqui!
Pr’acolá pode ter… mas não é igual,
boa bagunça e gritaria só em nosso quintal.

Esses campinhos de areia
com crianças malinas só têm aqui!
Pr’acolá pode até ter… mas é diferente,
nenhuma perna cambota faz gol como a gente.

Essas casas feias
com crianças criativas só têm por aqui!
Pr’acolá pode ter… mas não há como comparar,
aqui de tudo se inventa pra poder brincar.

Essas ruas de pedras
com crianças descalças só têm por aqui!
Pr’acolá deve ter… mas é coisa rara,
se magoa algum pé, logo logo sara.

Oh, por todas as cantigas
que crianças daqui ainda cantam,
Abençoas, meus Deus, pois é coisa preciosa,
De toda a criança a nossa é a mais graciosa.
(E claro, a mais buliçosa)

Anderson C. Sandes — Agosto de 2018
Candido Portinari. Futebol (1935)

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

Um comentário sobre “Bole bole, criança”

  1. Nabel disse:

    Lembra-me, minha época de criança.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *