Poesia

Da chuva que cai

Childe Hassam [Rainy Day, Boston], 1885 (Detalhe)

Quão apressadas caem
essas gotas nos torrões.
Como quem sente saudade,
logo voltam a correr, seguem o curso
como fora em outrora.

Não sabeis, pois, que
a vida é hostil?
Ou apenas seguem essa
tirânica lei natural
de ir e vir… ir e vir…?

Apegamo-nos tanto com a vida em terra
que, ao subirmos, o primeiro instinto 
é olhar para baixo,
como quem sente falta…
e poeticamente caímos.

Caso um dia eu evapore
e tenha a chance de lucidez em ar,
é possível que eu volte, que eu caia…
Gosto da caminhada.
(apesar de doerem minhas pernas)
inda mais quando chove.

Anderson C. Sandes — Fevereiro de 2018

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *