Poesia

Do ser o que é

Rembrandt [A Young Scholar and his Tutor], 1629–1630 (Detalhe)

Concentro-me em algaravias amiúdes 
De arquétipos mui caros…
Tento ouvir a todos.
Alguns corifeus de meus valores amados,
Valores escritos em lábaros…
Que se perderam em meio à escatologia,
(E tantas outras “gias”)

Alguns ainda se acham em epopeias, em ilíadas…
Ainda que rotos…
Ainda que tolos…
Ainda que soltos…

Encaro a pachorra em ensejos,
Perco muitos deles…
Sim… ainda há muito a aprender
A vencer… a vencer a mim…
Que nunca serei digno de apoteose
Nem da espada de um rei,
Nem de aperto de mãos,
Nem cumprimento ao longe, de largo,
Ou pronunciarem meu nome entre nobres.

Escrevo canções 
Que não serão cantadas…
Poemas que não serão lidos…
Conselhos destinados a não serem ouvidos…
Tenho a capacidade de não ser entendido… 
Nem entre amigos.
Nem entre amigos.

Onde estão esses arquétipos?
Só ouço as vozes…
Como queria os seus favores e amizades.
Onde estão os arquétipos? 
Que fizeram com eles?
Posso ouvi-los.

Anderson C. Sandes — Dezembro de 2017

Publicado por Anderson C. Sandes

Poeta, cronista, ensaísta, autor de Baseado em Fardos Reais; Arte e Guerra Cultural: preparação para tempos de crise; organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Pedagogo. Vivo de poesia pra não morrer de razão.

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