Poesia

Homem réptil

Winter in de Scheveningse bosjes (1870) by Anton Mauve

Deixou a toca pela manhã, covil
Pele a descamar da pálida face
Gelado aquele inverno, sangue frio

Poesia

Respiga de liberdade

Detalhe de As Respigadoras, 1857, Jean-François Millet

Respiga de liberdade é um poema sobre liberdade de expressão, na verdade, sobre a falta da liberdade de expressão. A sextilha abaixo traz, de modo análogo, personagens que buscam liberdade e não encontram, como respigadores que vão ao campo recolher as sobras da colheita e não acham nada. O que antes era seara passa a ser um deserto. Respiga de liberdade é um poema sobre o Brasil de nossos tempos. Em seguida, o poema na íntegra, após ele, uma breve análise por trechos.

Poesia

Elogio à humildade

Ford Madox Brown [Jesus Washes Peter's Feet], 1852-56 (Detalhe)

Dai privação ao opulento
e haverá miséria,
ranger de dentes.
Cessará o riso a contento,
e a canção etérea
outrora correntes

Fichamentos e Resenhas

Sobre a arte poética — Aristóteles

Sobre a arte poética (ou Poética) provavelmente registrada entre os anos 335 a.C. e 323 a.C., é um conjunto de anotações das aulas de Aristóteles sobre o tema da poesia e da arte em sua época, pertencentes aos seus alunos escritores (para serem transmitidos oralmente aos seus alunos) ou esotéricos (textos para iniciados).

Poesia

Quiasma cósmico

Martin Johnson Heade [Sailing by Moonlight], 1860 (Detalhe)

Circunda a rotunda Selene
Ao agito de frias ondas
A banhar a alva areia
Tão clara ao brilho perene
Arrefece amantes em rondas
Sob a bela lua cheia

Poesia

Sublimação

Joshua Reynolds [David Garrick Between Tragedy and Comedy], 1761 (Detalhe)

A tinta que ora jorra o impresso
fora hemorrágica em outrora,
pulsa produtividade tal
da inatividade vital de agora.
Ah, vintém poupado ao bolso,
não vai ao divã, ao fosso,
sublimou da mágoa ao gozo
o dente amarelo restaurado.

Poesia

Outdoors

Ignatius Josephus Van Regemorter [The Fish Market in Antwerp], 1827 (Detalhe)

Todo crível agora incrível
Qualquer sutileza é histórica
O distante faz-se acessível
Toda bravata é heróica
Rotidão: imperecível
Todo babado em retórica

Poesia

Soneto em ré menor

Peter Paul Rubens [The Great Last Judgement], 1617 (Detalhe)

Sobre os pardos caibros e branco gesso
Soa altivo um ré menor, amiúde
Que avizinha-se à minh’alma, ao espesso
Qual u’a melancolia em amplitude

Poesia

Soneto à prole

Claude Monet [The cradle], 1867 (Detalhe)

Há bosquejo meu em tua tenra alma
Maquete nossa em tal ventre matriz
Que muito o embala, acalenta e dá calma
Partícipes em teus sonhos pueris

Fichamentos e Resenhas

Uma Defesa da Poesia — Percy Bysshe Shelley

Percy Bysshe Shelley ( 1792 –1822 ) foi um poeta romântico, dramaturgo e ensaísta inglês. Em Queen Mab (1813), uma obra de juventude, o poeta expressa suas ideias ideológicas e defende a liberdade de pensamento. Nos poemas que se seguiram, como Alastor (1816) e Ode to the West Wind (1818), e na tragédia The Cenci (1818), aborda as temáticas recorrentes da literatura da época: o amor, a identidade, a solidão, a inspiração, a transcendência, o incesto. Em 1820 publicou o drama lírico Prometheus Unbound, onde celebra a liberdade e o amor ideal. O seu ensaio Uma Defesa da Poesia, apesar de inacabado, constitui um dos mais significativos escritos teóricos do Romantismo inglês.