Deleito no silêncio de minha voz
No silêncio da criança e suas bonecas
Das panelas a borbulhar no fogo
Da brisa que invade a casa com suas companheiras de estação:
As flores da mangueira
Tag: Poeta
Setembro e a bile negra
Às vésperas de setembro
Surge a bile negra
Amiúde, ano a ano
D’onde não lembro
Homem réptil
Deixou a toca pela manhã, covil
Pele a descamar da pálida face
Gelado aquele inverno, sangue frio
Cartas a um jovem poeta — Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke (1875-1926), poeta nascido em Praga, é um dos autores de língua alemã mais conhecidos no Brasil. Suas obras, que tiveram grande influência sobre mais de uma geração de poetas, vêm sendo publicadas há várias décadas e sempre despertaram muito interesse. Existem, por exemplo, traduções excelentes de textos seus feitos por alguns dos maiores nomes da poesia brasileira, como a versão de Manuel Bandeira para “Torso arcaico de Apolo”, ou de Cecília Meireles para “A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke”, ou as várias versões feitas por Augusto de Campos, que em 1994 publicou uma coletânea de vinte poemas de Rilke e, em 2001, um novo livro no qual acrescentou mais quarenta poemas traduzidos.
O Poeta e o Fantasiar — Sigmund Freud
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Nós, leigos, sempre sentimos uma intensa curiosidade — como o Cardeal que fez uma idêntica indagação a Ariosto — em saber de que fontes esse estranho ser, o poeta, retira seu material, e como consegue impressionar-nos com o mesmo e despertar-nos emoções das quais talvez nem nos julgássemos capazes. Nosso interesse intensifica-se ainda mais pelo fato de que, ao ser interrogado, o poeta não nos oferece uma explicação, ou pelo menos nenhuma satisfatória; e de forma alguma ele é enfraquecido por sabermos que nem o melhor discernimento dos determinantes de sua escolha de material e da natureza da arte de criação poética em nada irá contribuir para nos tornar poetas.
Chega a noite
Chega a noite
Vão-se as moscas
Voltam-se os mosquitos
As primeiras zumbirão suas filosofias
Larvais em outros ares
Os segundos querem sangue
E ferem mais fundo
Mais profundo na gente
Que bate, que bate
Que mata
Do ser o que é
Concentro-me em algaravias amiúdes
De arquétipos mui caros…
Tento ouvir a todos.
Alguns corifeus de meus valores amados,
Valores escritos em lábaros…
Que se perderam em meio à escatologia,
(E tantas outras “gias”)