Poesia

Só riso

Bartolomé Esteban Murillo [Two women at a window], 1660 (Detalhe)

Dentre os dentes há sorriso, só riso.
Olha o olhar, uma dose alegre. Uma dó… se alegre!
Não se mente para a mente. Mas a mente sempre mente.
Um dia desabafaremos. Desaba… faremos de novo.

Poesia

[Po] Ética de jardineiro

Vincent van Gogh [Irises], 1889 (Detalhe)

Nos tempos em que eu [poes] ia
Ver [so] as flores no jardim
Me faltava [inspir] ação, ao regar
As borbo let[r]as em cima da jasmim.

Anderson C. Sandes —Fevereiro de 2015
Texto

Minha amiga secreta

Artemisia Gentileschi [Self-Portrait as the Allegory of Painting], 1630 (Detalhe)

Era o final daquele ano letivo; o ano era 2003. Eu cursava a 4ª série do fundamental, em Santa Catarina. As professoras resolveram organizar um “amigo secreto”, e estipularam um valor mínimo para o presente em R$ 10,00 (dez reais).

Dez reais era tanto dinheiro pra minha família naqueles tempos… mas consegui. Não me lembro quem eu tirei no sorteio, nem lembro o que comprei para esta pessoa, mas lembro que o presente custou exatamente dez reais.

Música, Poesia

Incerta canção

Jan Ekels II [A Writer Trimming his Pen], 1784 (Detalhe)

Um poema que, na voz e violão de Gil Silva, amigo meu, tornou-se canção. O eu lírico expressa falta de pertencimento, solidão, desmotivação, dúvidas. Expressa contrastes e sínteses das coisas que vê: aves felizes voando em meio à fumaça; sorriso amarelo (expressão de falsidade) combina-se com azul (símbolo de euforia), resultando num verde sem graça, etc.

Poesia

Muito frio

Claude Monet [The Magpie], 1868–1869 (Detalhe)

Muito frio
Escorado numa parede
Com meias nos pés
Com meias nas mãos
Com meias verdades 
No meio coração.

Poesia

Houve-te

Imagem: Reprodução / Internet

Permita-me dizer
Que antes de tu(do) veio a luz
E assim foi, p’ra que eu pudesse te ver.

A ti foi dado odor de poesia
Uma beleza primaveral
E um toque de canções.

Música, Poesia

Monologando co’a morte

Francisco de Goya [Saturn Devouring One of his Children], 1819-23 (Detalhe)

Te vi em meu olhar

Num reflexo
De águas tranquilas

Este chão já foi o meu leito
Certo estou que ainda será
Outrora acima
Depois não sei

Poesia

É sempre meia noite por aí

Vincent van Gogh [Starry Night over the Rhône], 1888 (Detalhe)

Por aqui é meia-noite
Mas é meio-dia na lua
Pobres lunáticos, não têm uma sombra de árvore pra descansar.
Talvez por isso repousem nas trevas.

Poesia

Oh, tímida

Jean-Honoré Fragonard [Young Girl Reading], 1770 (Detalhe)

Vejo-te sorrir olhando p’ra terra
Será de timidez que olhas o chão?
As nuvens acima e o solo em guerra 
O que está mais próximo ao teu coração?

Livro, Poesia

Livro “Baseado em fardos reais”

Que descansa em paz? Não, querido leitor, eu não estou morto. Quem vos escreve não é um espectro branco e perturbado, é um poeta amarelo, que descansa em paz.

Reparou na belíssima capa? Tem como fundo a obra La Siesta, de Van Gogh, pintor sobre qual Mário Quintana reflete: Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo? Veio bem a calhar, uma obra de Van Gogh adornando a obra de um poeta amarelo, envelhecido.