Aquele que é profundo
Anderson C. Sandes — Outubro de 2015
Sofrerá profundamente
Fará tudo pelas profundezas
Pagará o preço por sentir em dobro
Anda, recolhe as espigas do chão
Pois longe está o teu Jubileu [1]
Não há perto de ti nenhum que seja o goel [2]
Procurar um refúgio é achar tua morte
Procurar a morte nunca será refúgio
Pois és profundo
As profundezas te cansam
E nelas não quer descansar
Falo de sete palmos
Sete, abaixo do que andas
Abaixo de teus pés
Anda, torce pra que caia a espiga [3]
Será teu alimento por dias
Comer o que cai no chão…
Há maior profundeza?
Talvez a de teu leito
Sete palmos será pouco pra teu repouso
Deleita-se em profundezas
Pagará o preço por sentir em dobro.
Longe está o teu Jubileu
Não há perto de ti nenhum que seja o goel
[1] Jubileu: Na antiguidade hebraica, solenidade pública celebrada a cada 50 anos, quando as dívidas e penas eram perdoadas e os escravos libertos
[2] Goel: É um termo do hebraico para a palavra “redimir” ou “redentor”. Segundo a tradição rabínica denota um parente apto a restaurar os direitos perdidos por uma pessoa próxima.
[3] De acordo com a lei mosaica os pobres tinham o direito de colher as espigas que caíam das mãos dos segadores.