Dom Quixote de Cervantes deixou de ser um personagem de um clássico e foi elevado à figura de uma espécie de “folclore global”. Comumente é conhecido como um personagem louco, que de tanto ler novelas de cavalaria acabou criando um universo paralelo, uma fantasia, com donzela a defender, gigantes para vencer e até um arqui-inimigo feiticeiro, o Frestão.
A arte é uma arma?
Fala-se muito em nossos dias sobre “guerra cultural”. As artes fazem parte da cultura de um povo, culminando para o éthos.
Alvorecer em Jacaré dos Homens
Esta embotada imagem
Do céu de Alagoas
Na xícara de café
Não se compara àquela
Alvorada em Jacaré dos Homens
A admiração artística-filosófica em Palavrantiga e Povia
Todos têm um pouco de poeta e de filósofo — e de doido, diria minha mãe. Na cultura ocidental as relações entre poesia e filosofia já foram amplamente discutidas, desde Aristóteles e, claro, antes dele. Por questões semânticas, tomemos também por “poeta” o artista de modo geral, o criador. E por “poesia” entendamos a arte em geral, a criação artística.
Setembro e a bile negra
Às vésperas de setembro
Surge a bile negra
Amiúde, ano a ano
D’onde não lembro
Homem réptil
Deixou a toca pela manhã, covil
Pele a descamar da pálida face
Gelado aquele inverno, sangue frio
Respiga de liberdade
Respiga de liberdade é um poema sobre liberdade de expressão, na verdade, sobre a falta da liberdade de expressão. A sextilha abaixo traz, de modo análogo, personagens que buscam liberdade e não encontram, como respigadores que vão ao campo recolher as sobras da colheita e não acham nada. O que antes era seara passa a ser um deserto. Respiga de liberdade é um poema sobre o Brasil de nossos tempos. Em seguida, o poema na íntegra, após o mesmo, uma breve análise por trechos.
Elogio à humildade
Dai privação ao opulento
e haverá miséria,
ranger de dentes.
Cessará o riso a contento,
e a canção etérea
outrora correntes