Crônica, Texto

A domquixotelização dos frágeis

Wilhelm Marstrand, Don Quixote og Sancho Panza ved en skillevej, u.å. (efter 1847)

Dom Quixote de Cervantes deixou de ser um personagem de um clássico e foi elevado à figura de uma espécie de “folclore global”. Comumente é conhecido como um personagem louco, que de tanto ler novelas de cavalaria acabou criando um universo paralelo, uma fantasia, com donzela a defender, gigantes para vencer e até um arqui-inimigo feiticeiro, o Frestão.

Crônica, Texto

A arte é uma arma?

Allegory of Painting, 1765, by François Boucher

Fala-se muito em nossos dias sobre “guerra cultural”. As artes fazem parte da cultura de um povo, culminando para o éthos.

Poesia

Silêncio

Criança dormindo no berço (1928) de Hermann Knopf

Deleito no silêncio de minha voz
No silêncio da criança e suas bonecas
Das panelas a borbulhar no fogo
Da brisa que invade a casa com suas companheiras de estação:
As flores da mangueira

Ensaio, Texto

A admiração artística-filosófica em Palavrantiga e Povia

Todos têm um pouco de poeta e de filósofo — e de doido, diria minha mãe. Na cultura ocidental as relações entre poesia e filosofia já foram amplamente discutidas, desde Aristóteles e, claro, antes dele. Por questões semânticas, tomemos também por “poeta” o artista de modo geral, o criador. E por “poesia” entendamos a arte em geral, a criação artística.

Poesia

Recriação

The Fall of Man (1592), by Cornelis Cornelisz. van Haarlem

Teus olhos em perigeu me sondam
Conhece cada víscera de meu pensamento
Dá nome às quimeras que no peito rondam
Conta a rota dos pés em enfadamento

Poesia

Homem réptil

Winter in de Scheveningse bosjes (1870) by Anton Mauve

Deixou a toca pela manhã, covil
Pele a descamar da pálida face
Gelado aquele inverno, sangue frio

Poesia

Respiga de liberdade

Detalhe de As Respigadoras, 1857, Jean-François Millet

Respiga de liberdade é um poema sobre liberdade de expressão, na verdade, sobre a falta da liberdade de expressão. A sextilha abaixo traz, de modo análogo, personagens que buscam liberdade e não encontram, como respigadores que vão ao campo recolher as sobras da colheita e não acham nada. O que antes era seara passa a ser um deserto. Respiga de liberdade é um poema sobre o Brasil de nossos tempos. Em seguida, o poema na íntegra, após o mesmo, uma breve análise por trechos.

Poesia

Elogio à humildade

Ford Madox Brown [Jesus Washes Peter's Feet], 1852-56 (Detalhe)

Dai privação ao opulento
e haverá miséria,
ranger de dentes.
Cessará o riso a contento,
e a canção etérea
outrora correntes