— Onde está a tinta
para minha pena?
— Tomei-a, pensando
ser ela tóxica,
não era, todavia.
Poesia
Conselhos d’um ermitão urbano
Cala-te, oh boca cansada!
Afia tua língua entre os dentes,
a fim de seres mortal,
a fim de não seres banal.
Da chuva que cai
Quão apressadas caem
essas gotas nos torrões.
Como quem sente saudade,
logo voltam a correr, seguem o curso
como fora em outrora.
Do ser o que é
Concentro-me em algaravias amiúdes
De arquétipos mui caros…
Tento ouvir a todos.
Alguns corifeus de meus valores amados,
Valores escritos em lábaros…
Que se perderam em meio à escatologia,
(E tantas outras “gias”)
Mentalidade vermelha
Oh, Mentalidade vermelha
Que com foices abrem crânios
E com martelos esmagam a massa cinzenta
Esmagam a massa…
E cinza é o seu futuro
Non ego sum
Não me associo a eles
Que coisa terrível
Oh, que coisa terrível
parecia fazer aquele homem.
Todos olhavam, se cutucavam e apontavam.
— De que se trata?
Perguntavam os desavisados,
que de longe forçavam as vistas
para ver o conteúdo que o indivíduo portava.