Não estou chorando,
estou chovendo!
Chove nos desertos
de minhas pálpebras
pra dentro
Por fora das janelas da alma
observo a chuva.
Cheiro de face molha…
Cheia de nuvens pesadas.
Cinza tal qual dia nublado.
Textos autorais de Anderson C. Sandes.
Plantada é a semente,
e a raiz se aprofunda.
Para ser a mais crescente
mais e mais ela se afunda
Perdoe minha dureza,
mas ser mole me arrasou.
Vim da profundeza
Ser profundo é o que sei,
é o que sou.
Oh, ser estranho, permaneça fechado
P’ra que não fujam teus monstros
E que não haja muitos encontros
Entre tu, libertador, e o libertado
Pedro parecia perecer
Parava, pensava… pulava
Pulava pelos pântanos
Pântanos pensados por Pedro
Pedro pedia pão
Pobre Pedro…
Pesadas portas
Terna flor
Que adornada de esterco
De dejetos fétidos
De abortos intestinais
De desarranjos, não arranjos
Do putre rejeito dos corpos
Cresce linda e cheirosa
A despeito e por causa
Dessa massa fedorenta
Cuidado com as flores!
Não por serem flores,
mas porque nem tudo são flores.
Conserva o que tens!
Para que não te seja
Arrancado o que ainda não tens.
Sonho acordado
desejando.
Desejando também
sonhar dormindo
Não apenas sonhar,
mas sonhar contigo.