Oh, aquela ave preta
sobre galhos rijos cinzentos.
Oh, meu sertão que se encontra verde,
tudo um pouco mais belo.
Mas a ave insiste co’a morte
ao pousar naqueles galhos podres.
— Podres, mas rijos.
Tag: Poema
Conselhos d’um ermitão urbano
Cala-te, oh boca cansada!
Afia tua língua entre os dentes,
a fim de seres mortal,
a fim de não seres banal.
Da chuva que cai
Quão apressadas caem
essas gotas nos torrões.
Como quem sente saudade,
logo voltam a correr, seguem o curso
como fora em outrora.
Mentalidade vermelha
Oh, Mentalidade vermelha
Que com foices abrem crânios
E com martelos esmagam a massa cinzenta
Esmagam a massa…
E cinza é o seu futuro
Ego non sum
Não me associo a eles
Que coisa terrível
Oh, que coisa terrível
parecia fazer aquele homem.
Todos olhavam, se cutucavam e apontavam.
— De que se trata?
Perguntavam os desavisados,
que de longe forçavam as vistas
para ver o conteúdo que o indivíduo portava.
Esta cidade
Fico cá nesta cidade
Com seus muitos becos
Suas muitas ruelas
De jovens parados
E afazeres efêmeros
Julgo eu, todavia.
De passagem
Essas vilinhas bucólicas
Quiçá melancólicas
Com bodes amarrados em algarobeiras
Recordam-me algo que fui, talvez.
Falo de um sujeito mais manso . . .
Nem sei . . .
[Des] Fiz-me
Fogo na caatinga
Fiz-me pardal e voei
Verde na serra
Desfiz-me das asas, pousei
Era belo o caminho
Fiz pra mim botas… e andei
Fresco e calmo era o lago
(… não sei nadar)
Tive medo, e nada virei
Odiava o medo
Fiz-me coragem e nadei
E na coragem… me afoguei